Sequencia didática - Tarsila do Amaral

Sequencia didática - Tarsila do Amaral
SEQUENCIA DIDÁTICA TARSILA DO AMARAL -Releitura - 2010

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Leitura deleite: Sua Alteza, a Divinha

Leitura deleite: Sua Alteza, a Divinha
                                                       Ângela Lago

Era uma vez uma princesa conhecida como Sua Alteza, a Divinha.
Na época de se casar a Divinha resolveu o seguinte:
___ Só cão com quem fizer três adivinhações que eu não adivinhe e que adivinhe três que eu fizer.
Não era fácil e quem não conseguisse, forca!
Mesmo assim apareceram quatro pretendentes. Lá se vão: rei, soldado, capitão, ladrão.
Um dia, um homem que andava sempre com um livro de orações e por isto era conhecido como Louva-a-deus. Este resolveu tentar a sorte. Antes de mais nada, foi até a vizinha. Avisou que iria ao palácio logo que o sol raiasse e pediu para ela tomar conta da sua vaca. A vizinha ficou super contente. Tinha certeza que ele iria direto para a forca e que, portanto, da qui para frente a vaquinha era dela.
Mas, lá pelas tantas, a vizinha começou a cismar que o Louva-a-deus poderia desistir no meio do caminho, voltar para a casa e tomar a vaquinha de volta. Por via das dúvidas, preparou uma bonita rosca envenenada. E, assim que começou a amanhecer, levou para o Louva comer na viagem.
O Louva-a-deus desconfiou, e depois da primeira mointanha, jogou a rosca para um cachorro.
Foi o cachorro comer e cair morto. Vieram sete urubus comer o cachorro morto. E também sete urubus morreram.
___ Eta vizinha! – disse o Louva-a-deus e continuou o caminho.
Depois da segunda montanha, começou a chover. Para não molhar muito, Louva-a-deus se abrigou debaixo de uma árvore e, como queria chegar limpinho, cobriu ochão com sua manta.
Bateu um vento e caiu, em cima de sua manta, um ninho com sete ovos de passarinho. Louva-a-deus estava faminto. Mas detestava ovo cru e não achou com que fazer fogo.
Os gravetos estavam todos molhados. Foi aí que se lembrou do livro de orações. Como não tinha outro jeito, acendeu com o livro, uma fogueira.
Cozinhou os ovos, comeu, descansou um pouco e continuou o caminho.
Lá pela terceira montanha, sentiu sede. Não havia rio por perto. Viu um coqueiro, subiu no coqueiro, apanhou um coco e tomou a água de coco.
Foi então que começou a se preocupar. Tentou lenbrar as adivinhas que conhecia, mas nenhuma parecia difícil para a princesa. E ... ele já estava entrando no palácio quando resolveu três “o que é, o que é” a respeito do que havia acontecido na viagem:

__ Depois de morto, um coitado
Matou sete bem matado.
Outros sete caíram na manta.
Cozinhei em palavra santa.
Entre o céu e a terra encontrei,
Já na vasilha, a água que tomei.

Sua Alteza, a Divinha, pediu um tempo. Fez o que pode. Pensou e repensou mas não adivinhou nem o terceiro “o que é”.
___ Agora é sua vez – disse a princesa. – E se não acertar, forca.
Foi lá dentro, apnhou um inseto, por sinal um baita lova-a-deus.
E com ele dentro das duas mãos bem fechadas, perguntou:
___ O que é, o que é que tenho na mão?
O moço sentiu um aperto no coração. E falando de si, suspirou:
___ O louva-a-deus está apertado!
A princesa levou um susto danado e perguntou como é que ele tinha conseguido acertar. O Louva-a-deus, sendo sincero, respondeu que não tinha sido difícil.
___ Ainda por cima quer me fazer de besta! – disse a Divinha.
Foi lá dentro, pegou um quadro, pintou tudo de preto e cobriu com uma toalha de veludo. Voltou brava:
___ Adivinha!
O Louva ficou aflito. A situação era terr´vel.. se não acertasse, forca. E ele achava que não tinha a menor chance de acertar:
___ Agora o quadro está preto ... – o Louva deixou de escapulir na aflição.
A divinha quase caiu para trás. E ainda por cima ele disse que tinha sido fácil.
Então a princesa conseguiu um pouco de estrume de boi, embrulhou bem e colocou dentro de uma rica caixa de jóias. Mandou os vassalos tocarem as trombetas e entrou com a caixa numa bandeja de prata, forrada de seda.
A esta altura, a corte estava torcendo para o Louva-a-deus adivinhar. Ele, nervoso, bateu a mão na testa e desabafou:
___ Ninguém sabe que eu sou um adivinhador de merda!
E acertou! Foi assim que o Louva se casou com a princesa.
Para o sossego da corte, ela deixou de ser arrogante e nunca mais quis saber de adivinhações.vivem até hoje muito felizes: a Divinha, o moço bonito do seu coração e a vaquinha. Mas claro! O Louva foi buscar sua vaquinha. E a vizinha caiu dura e roxa de raiva e inveja.


Retirado do livro Construindo a escrita, vol. 2, de Carmen Silva Carvalho. São Paulo: Ática. ( O texto foi adaptado para fins didáticos)

           

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